sábado, 5 de junho de 2010

COMO O TEMPO PASSA


Todos sabemos a mania que alguns de nós têm de andar pela baixa recordando episódios e lugares que nos são queridos, e que fazem parte da nossa meninice. Foi ali que crescemos na verdadeira acepção da palavra.
Cada sítio, cada loja, cada pedra da Baixa, tem para nós um significado muito grande. Quando nos encontramos, há sempre uma história nova, havendo sempre alguém que a desconhece ou já não se lembra.
Mas porque razão está este tipo agora a falar nisto ? - perguntam você . Pois bem. Para quem conhece bem esta parte da cidade, sabe que sempre que chegam as Festas da cidade, seja a Queima das Fitas, ou as Festas da Rainha Santa, é habitual os nossos comerciantes ornamentarem as respectivas montras, com motivos alusivos ao evento.
Hoje resolvi ir à Baixa. Despertou-me a curiosidade para a montra do fotógrafo J.GASPAR, que como de costume, lá tinha algumas fotos antigas. Uma do casamento do Dr.Mário Torres, antigo jogador da Académica. Mais umas de algumas senhoras que eu não tive tempo para tentar descobrir, pois são antigas (as fotos e as senhoras).
E estava eu entretido a contemplar estas fotos, quando vejo na parte central da montra, uma foto do Rancho Flores de Coimbra de 1956. E não é que lá estou eu escarrapachado na 3ª fila, em plenas escadas da Igreja de São Tiago, numa fotografia quase tão velha como a própria Igreja...
Caramba...eu também já faço parte das memórias da cidade ?- mas ainda sou tão novo... Deve ser engano na data .....
Realmente, COMO O TEMPO PASSA....
Se alguém tiver a infeliz ideia de lá passar e querer descobrir-me no grupo, é fácil. A moça que dançava comigo, o meu par, tinha um problema de alopécia (queda de cabelo), pelo que tinha de usar uma touca. Segundo me lembro, com a idade e tratamentos, foi melhorando. Ainda bem....

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Às voltas com a Volta

Terminou mais uma Volta a Portugal em Bicicleta. Foi a 69ª, segundo fonte Oficial.
Para mim a Volta foi sempre aliciante. Ao longo dos anos tive o previlégio de morar num local onde passavam os "corredores". Quase sempre as etapas eram corridas de Norte para Sul nas suas passagens, ou paragens em Coimbra. Assim , da janela da minha cozinha podia começar a adivinhar os ciclistas junto à antiga Fábrica dos Limas, onde hoje está o Edifício Tivoli. Depois, era acompanhar a corrida em toda a extensão da Avenida Fernão de Magalhães até à curva da Pastelaria Império, no Largo das Ameias. Aqui concentrava-se muito público, especialmente porque era uma curva apertada, e porque existiam as calhas ou carris, dos Carros Eléctricos que obrigavam os ciclistas a tomarem precauções. Isto contribuía para que tivessem de reduzir a velocidade e mais fàcilmente os podíamos identificar.
A festa porém, começava muito antes. Primeiro passava a caravana publicitária. Era sempre a esperança de apanhar um boné, que depois daria "muito estilo" nas corridas de arco. Eu, nunca consegui um. Quanto muito, vinha para casa com uma quantidade grande de folhetos publicitários que depois não serviam para nada e ainda ouvia um raspanete da minha mãe.
Entretanto já o "Milton Cauteleiro", apanhando a populaça distraída gritava :-lá veem eles..... e as massas agitavam-se na procura do melhor lugar. Quando as coisas acalmavam, nova agitação. Desta vez era um dos irmãos Medina, no alto dos seus metro e noventa, e nos seus cento a tal quilos de peso, em cima duma "pasteleira" envergando uma camisola vermelha com as letras em branco, dizendo, CARLOS CAMISEIRO. Era o delírio....Era o tempo do meu ìdolo, o Alves Barbosa. Era também o do Ribeiro da Silva, Pedro Polainas, Onofre Tavares, Sousa Cardoso, Américo Raposo, José Calquinhas, Antonino Batista, Carlos Carvalho, Jorge Corvo, Lima Fernandes, Fernando Mendes e o Joaquim Agostinho.
Hoje continuo a gostar de ciclismo e sempre que posso não perco uma etapa do Tour ou da Volta a Portugal através da TV. Mas e sensação que tenho, é que cada vez mais há cada vez menos de ciclismo autentico. Então o Tour este ano....parecia ter sido corrido entre o Casal Ventoso, Musgueira e o Bairro da Sé. Uma tristeza.

sábado, 14 de julho de 2007

Palácio Saldanha


O velho imóvel da Baixa, conhecido como Palácio Saldanha, está a ser recuperado para servir de apoio à população idosa daquela zona. Além dos serviços de lavandaria e apoio médico, nele vão ser criadas 8 unidades de realojamento, seja lá isso o que for.
Para quem viveu perto e de perto a realidade das diversas famílias que ali sobreviveram, sabendo que cada janela do prédio correspondia a um agregado familiar e que todos tinham de despejar os detritos numa pia para o efeito, situada ao fundo da escada....
A entrada por uma porta que para nós miudos, era enorme, ficava na Travessa das Canivetas, com a parede das traseiras do edifício do antigo Paço do Conde de Cantanhede a pouco mais de um metro. Esse Paço, cujo rés-do-chão serve para armazém da Firma Saúl Morgado, tem o resto das instalações a cargo duma Congregação de Religiosas, que faz um trabalho louvável na Cozinha Económica de Coimbra.
Parece que futuramente, o "novo" Palácio Saldanha vai ficar integrado também nesse "espaço", em termos de apoio à população da Baixa, que tanto necessita.
Embora lá não tivesse vivido, convivia diàriamente com alguns amigos lá residentes, com quem partilhava as brincadeiras e as amarguras. Seria fastidioso referir todos, mas recordo alguns que partiram permaturamente como, o Tó Varela, o Licínio, o seu irmão Jorge, o Isidro etc...
Um abraço às famílias que lá sobreviveram, como os Fadigas, a Maria Grande e os seus não sei quantos filhos, a D.Carmo e o Sr.Teixeira, a Maria do Porto e tantos outros.
Felizmente apraz-me registar que todos souberam suportar aqueles anos difíceis e hoje vivem em condições habitacionais que nada têem a ver com aqueles anos muito, muito dificeis.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

COIMBRA , ÁS VEZES, AINDA É UMA LIÇÃO.

Terça-Feira, 3 de Julho, véspera de feriado em Coimbra. Pediram-me para comprar bilhetes para um espectáculo de Solidariedade para algumas Associações de Deficientes, nomeadamente a APPACDM. Comprei...até eram baratos, depois logo se via se tínhamos pachorra para ir ver, mas ficávamos com a alma mais limpa, sempre estávamos e ser solidários...
Entretando fui sabendo que iriam actuar algumas pessoas ligadas às Instituições, nomeadamente alunos, iria também estar a Orquestra Filarmónica das Beiras, o Coro dos Antigos Orfeonistas e o nosso amigo André Sardet. Vamos não vamos, acabámos por ir até ao Pavilhão Multiusos, que nem conhecia. Começou com um grupo de alunos um pouco diferentes de nós e alguns professores, que conseguiram montar um Auto sobre o Viriato. Claro que impressiona...mas foi linda a dedicação. o esforço e a alegria duns mais pequenos e outros menos pequenos, além dos professores. Apesar de tudo descobri que afinal quem matou o Viriato, até foi um amigo meu que é professor na APPACDM. E eu que pensava que o conhecia bem e afinal o malandro matou o Viriato. Segui-se um espectáculo com um grupo musical composto por elementos com um elevado grau de paralisia cerebral (bateria, sintetizador,cantor), que depois de actuarem a solo, actuaram também em conjunto com o Coro e a Orquestra dirigida pelo Maestro Virgílio Caseiro. Foi lindo de arrepiar..... A alegria, entusiasmo e a impressionante simbiose com a o Coro e a Orquestra.......meus amigos. Deram-nos uma GRANDE LIÇÃO DE VIDA.
Ao contrário do que estava à espera e do que é habitual, o Pavilhão estava muito bem composto.
Às vezes procupamo-nos com coisas tão insignificantes........

sábado, 23 de junho de 2007

ALGUÉM METEU ÁGUA NO MUSEU DA DITA

Aconteceu anteontem ao final da tarde.
Como é meu hábito cheguei à hora marcada.
Como é hábito em Portugal, a sessão começou vinte minutos depois da hora.
Local: O Museu da Água no Parque Manuel Braga, em Coimbra.
Primeiro falou um Senhor que é Professor na Universidade de Coimbra.
De seguida, falou em Senhor que é o principal responsável da Sociedade das Águas de Coimbra.
A seguir, cumprindo o protocolo, palestrou um senhor que manda nas Águas de Portugal e que era suposto apresentar um trabalho do Professor Doutor Amado Mendes, autoridade na área da arqueologia industrial, entre outras, com o título "História do Abastecimento de Água a Coimbra, Volume I, 1889-1926".
Foi pena que, ao fim de cerca de quarenta minutos de discurso, o senhor das Águas de Portugal apenas tenha palestrado sobre o abastecimento de água à cidade de Lisboa, com três ou quatro curtíssimas referências a Coimbra.
Que coisa mais esquisita!
O livro é sobre o abastecimento de água a Coimbra e ele fala sobre Lisboa?
Como já era demasiado para o meu gosto e para a minha paciênca, comprei o livro e vim-me embora.
Isto de ser cidadão livre sem dependências de ninguém nem de nenhum órgão institucional, tem os seus benefícios.
Podemos proceder da forma que acharmos justa.
Atitude que, ninguém mais da assistência quis ou pôde tomar.

domingo, 17 de junho de 2007

sexta-feira, 8 de junho de 2007

ACULTURADO NA CULTURA ?

Por vezes dá-me para falar dele. E noto o efeito que as minhas palavras provocam nos ouvintes de circunstância. Uns, por amizade, ouvem e encolhem os ombros, apesar de ser só com o espírito, para não me melindrarem. Outros ouvem atentamente, como eu sempre faço, quando alguém comunica comigo. Mas depois uns e outros, mais lentamente ou mais rapidamente, esquecem o que foi dito e relatado. As águas amainam, a pedrada teve o seu fugaz efeito e quase de seguida, como aquelas folhinhas de praga aquática que se juntam todas para rapidamente tapar o buraco da pedrada na superfície liquida, tudo volta ao normal, ou seja ao esquecimento.
O que diz o nosso amigo Abrunheiro tem toda a razão de ser. Na verdade, falamos de atitudes e decisões que têm a ver com situações irreversíveis. Irreversíveis nos prejuízos de ordem cultural. Irreversíveis no facto de poderem vir a manter-se por largas dezenas de anos para desprazer de gerações seguidas.
E pode ser uma escultura medíocre ou com gritante falha de gosto (já nem falo em bom gosto) colocada num local público, que não merece tal relevo visual. Podem ser objectos votados ao abandono que são admirados em outras paragens, que não aqui. Paragens essas que nem precisam de ser capitais do conhecimento para as cultivarem e preservarem. Pode ser até, enorme hipocrisia, o acto de colocar no lixo, objectos que se prometeram em sessão pública, guardar e preservar para recuperação. E ficou exarado em acta.
Mas então ninguém faz nada para obstar a tudo isto? Não. Mas nas tais sessões públicas das autoridades não estava lá ninguém que tenha memória e exija que se cumpra o que foi prometido? Estavam mas não estão para se incomodar. A oposição é medíocre e bastou-lhes levantar a questão para apresentar serviço, ouvir umas promessas da boca dos que deviam ser responsáveis e ninguém depois pede explicações nem obriga a que sejam cumpridas. Os agentes culturais, sejam os guardiães, os da urbe, os que dão conselhos à cidade, ou até os de borla e capelo, estão (a maior parte deles) por demais ocupados a olhar para os respectivos umbigos e para os cerimoniais caducos, evitando descer ao povoado, privar com a populaça, que essa sim, sabe muito mais do que aparenta, mantendo-se antes como luz irradiadora de uma cultura feita á sua imagem e semelhança. Portanto bolorenta. Por isso, fácil é encontrar outras Escolas ao longo do País, vocacionadas para falar com o chamado Pais real e portanto permanentemente em evolução e desassossego, como deve ser quem se interessa pelo rumo do Pais real, também ele sempre evolutivo e desassossegado
E o homem a quem me refiro e que todos conhecem, usa e abusa da imprensa local escrita, para, recebendo por isso (pasme-se), ser o arauto daquilo (pouco) que faz. Leiam um dos periódicos de hoje se não acreditam. E nós lemos e encolhemos (mais uma vez) os ombros. A minha cidade não merece isto. A minha cidade tem património de sobra para mostrar e embasbacar visitantes. Mas não com estes pseudo difusores desses tesouros.
A esmagadora maioria de turistas que nos visitam, não dorme cá, por vezes não come cá, e poucas recordações levam, porque as entidades oficiais, preferem cobrar apenas as entradas nos locais de visita e pedir subsídios a tudo o que é ministério, em vez de dar uso à imaginação e inventar formas de difundir a cultura e as nosoas belezas a troco de muitos milhares de euros, feitos dos pequenos contributos que cada um dos milhares de visitantes diários da nossa cidade se disponibilizariam a pagar para levar um pouco de nós para as terras deles. Produzimos designers mas depois não aproveitamos as suas potencialidades e imaginação.
Não. Estamos no pais do subsidiosinho e das lamentações. Estamos cada vez menos no Pais das ideias e da criatividade.
Se um cidadão escreve de fora a perguntar quanto custa um dos eléctricos que querem destruir, e que quer preservar, nega-se-lhe essa possibilidade. De seguida coloca-se o veículo junto com o entulho num terreno mais ou menos escondido de olhares perigosamente curiosos. Aproveita-se e colocam-se mais quatro veículos desses logo de seguida. Poderiam vender por bom dinheiro esse património. Seria bem menos triste vê-los em qualquer outro lado do que fazê-los simplesmente desaparecer. Se outro cidadão escreve a perguntar se querem vender um carro torre oferecido por Braga à cidade de Coimbra, construído há cerca de setenta anos, informam que a quantia não é suficiente e de seguida encosta-se a um canto no terreno da guarda inglesa ao lado da escola secundária, para que se fine, bem escondido de olhares curiosos. Se alguém questiona a existência da denominação de Museu dos Transportes Urbanos de Coimbra na placa exterior do edifício, informa solene e estupidamente que o museu existe porque os sobrescritos que chegam por via postal para a companhia de teatro ali instalada há tempo demais, são portadores da denominação de museu e são entregues na morada. Logo, o museu existe. Apesar de não existir.
Quer dizer. O homem é hipócrita e nós parecemos gostar porque aceitamos o que nos impinge. E o chefe dele também gosta porque aceita e fomenta as atitudes do fulano.
Eu sei que o melhor que tenho a fazer é deixar de falar em eléctricos, americanos, trolleys e outros ex-libris de que nos devíamos orgulhar, para que as minhas charlas não vos incomodem. Para quê dizer que tivemos veículos únicos nesta cidade e não os preservámos? E quando digo únicos, eles foram-no a nível mundial. Para quê dizer que temos troleys e somos a única cidade da península ibérica que os tem a circular e que só isso, bem difundido podia atrair muitos entusiastas ? Não. Melhor deixar de o fazer. Mas, não o fazendo estou a fazer o jogo do medíocre que elegemos e que depois colocaram num poleiro para que ele nunca mostrou crista merecedora de tal qualificação.
Os conhecimentos que tenho feito ao longo do País com entusiastas como eu, mas mais conhecedores de coisas e pormenores particulares da nossa cidade, tem-me feito evoluir pela aprendizagem de saberes que não tinha, e tem-me feito admirar primeiro pelo conhecimento que estranhos têm da nossa cidade e entristecer e envergonhar de seguida porque eles sabem até melhor do que eu, como são medíocres e estúpidos alguns dos que deviam zelar por algum do nosso património.
E essas são coisas que não matando, moem muito. Se moem …
Mas fica prometido, sosseguem que culturalmente (e eticamente) falando, não bato mais no ceguinho… Eticamente também haveria muito a dizer.
Vou ficar acomodadinho e calado.
A menos que, algum de vós, responda à letra ao escrito que aí fica.

segunda-feira, 21 de maio de 2007

domingo, 20 de maio de 2007

UM SER SUPERIOR





Augusto Nunes Pereira se chamava.
Espalhou simplicidade, talento, bondade e inteligência. E aturou algumas traquinices de alguns baixotes. Partilhou desenhos com o nosso TilTridente. E nem se incomodou minimamente por ter sido realisticamente (e bem) desenhado.
Bem pelo contrário.
Há cerca de dois anos, tive oportunidade de visitar o que tradicionalmente se chama, a sua última morada. E foi bom, em todos os aspectos. No que interessa para este escrito, foi reconfortante, para um simples admirador de Monsenhor Nunes Pereira, observar a forma simples, digna e agradecida como a Junta de Freguesia de Fajão, se propôs, e conseguiu, honrar a sua memória com o jazigo de que vos deixo imagem.

VOZES DA LIBERDADE

Ao revirar jornais... deparei-me com esta imagem.
Não resisti em colocá-la aqui. É conhecida, eu sei............
7 vozes MÁGICAS!!!... (ou não fosse o 7 um número mágico...)
Para que a memória e os ouvidos não entorpeçam...

Estou a ouvi-los!!!...
É preciso ouvi-los!!!...
É urgente ouvi-los!!!...